sábado, 13 de novembro de 2010

O Mister Simpatia!

stock photo : Collage of the male on light background
Talvez você o tenha conhecido assim, no meio de uma dessas suas simpatias representadas. As dele, e não aquelas suas superstições de sair com pé direito, esconder o Santo Antônio na geladeira, ou fazer pedido às estrelas. Ele quer ser querido. Ele quer se agradável. Na verdade, ele quer ser popular. Ou - se possível - mais que isso. Esse tipo até costuma ser agradável, ter um papo legal, sabe do que falar, e o que nunca dizer. Faz rir até mesmo o mais mal-humorado dos seres. Exibe um sorriso sempre exemplar, daqueles de comercial de pasta dentária. E enquanto ele falava com você, com a sua amiga, você ia se sentindo mais e mais atraída por essa personalidade magnetizante, eletrizada, e que te fisgou. Quando olhou mais atentamente, ele nem era lá muito bonito. Era até bem vestido, mas nada gato. Recordando melhor, você foi se dando conta do tanto que riu, do quanto ele a fez sentir a melhor pessoa do mundo, a mais gostosa da festa, e que valia a pena dar uma chance. Marcaram de sair juntos. Só você dois, uma beleza. Atenção toda destinada à você, planeta, e ele satélite, rodando e agradando mais e mais. Apenas o celular, que toca uma, duas, cinco vezes. O moço atende, sempre muito atencioso, um gentleman, queridão. Você brinca com o guardanapo, desenha com as unhas na mesa da toalha, bebe mais um copo de suco, e o papo parece estar animado; promissor. Desliga o telefone, é melhor. 
Numa festa, combina de ir junto com vossa senhoria, a princesinha do rei dos contatos. Se em cinco minutos ele cumprimentar mais de cinco pessoas, pode apostar que o sonho secreto dele é ser coroado Mister Simpatia, e rei de coisa alguma.
Tudo vai de bom para maravilhoso, e ele é tão comunicativo, que cativa. Não só a você, como a sua inimiga, sua conhecida, e aquela sua vizinha de infância. Isso você só descobre depois. Tão ocupado, com suas modernidades e tecnologias, comunicação intinerante, mil amigos, centenas de grupos; companheiros de bola, colegas da faculdade, família distante e próxima, pessoal do trabalho. Até você conhecer todos, no mínimo dois meses. Saindo às vezes, entre tantas atenções que ele tem a dispor, você já está no lucro. Agenda lotada, e se você continuar por entre festas, anotações, reuniões, happy hours da galera, e causas ambientais, comemore. Só não diga que eu não avisei, que em meio à tanta agitação, você iria morrer de tédio. Porque ele se preocupa tanto em se manter em movimento, que esquece fazer você se mover junto. E a patética cena do garotinho se movendo com um urso no colo. Você, o bicho de pelúcia, inanimado. Ele, a criança serelepe, frenética. Apenas um aviso: aonde estão hoje, todos os bonecos e ursinhos de pelúcia que você ganhou? Se não na estante, foram doados. Quem sabe no lixo. Essa estrela solitária precisa de alguém com mais brilho que ela ao lado, pra que regule com normalidade. Do contrário, só irá ofuscar toda a sua beleza, sugar a sua agradabilidade, retirar todo o seu pique. Apenas com um sorriso de volta.


Camila Paier
Mais aqui: http://calmila.blogspot.com/

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